Coleção BR RJMRAHI ADA - Armindo Doutel de Andrade

Original Objeto digital not accessible

Área de identificação

Código de referência

BR RJMRAHI ADA

Título

Armindo Doutel de Andrade

Data(s)

  • 1941 - 1997 (Produção)

Nível de descrição

Coleção

Dimensão e suporte

3 metros lineares de documentos textuais e 57 fotografias
Papel; papel fotográfico.

Área de contextualização

Nome do produtor

(17/11/1920 - 07/02/1991)

Biografia

Armindo Marcílio Doutel de Andrade nasceu em 17/11/1920, no Rio de Janeiro, filho de Armindo Augusto Doutel de Andrade e Cândida Doutel de Andrade. Em 1943 formou-se na Faculdade Fluminense de Direito. Desde jovem trabalhou como jornalista, tendo atuado em vários periódicos, como O Globo; Diretrizes; Diário Da Noite; e em O Jornal, onde assinou por 15 anos a coluna Panorama Político. A coluna era retransmitida para os demais jornais e emissoras dos Diários Associados. No início dos anos 40, prestou serviço militar e em 1964 casou-se com Lígia Ribeiro Moellmann, que seria sua grande companheira de vida e de lutas políticas.
Doutel passou a ter um contato mais estreito com a política a partir da cobertura jornalística dos trabalhos da Assembleia Constituinte de 1946. Durante a cobertura da campanha presidencial de 1950, aproximou-se dos dirigentes do PTB do Rio Grande do Sul – sobretudo Alberto Pasqualini, Leonel Brizola e João Goulart, que se tornaram seus grandes amigos e aliados de lutas políticas – e da ideologia trabalhista. Filiou-se ao PTB em 1951 e, após a solicitação de Vargas, iniciou com João Goulart trabalhos visando angariar novos militantes para o partido, organizar novos comitês e obter a filiação de líderes sindicais. Em virtude da dedicação ao trabalho, Doutel foi nomeado advogado do Banco do Brasil por Vargas. Nas eleições internas do PTB, em 1952, foi eleito primeiro-secretário do partido. Em 1953, foi convidado por João Goulart, então ministro do Trabalho, para ser membro de seu gabinete, além de diretor da Rádio Mauá, vinculada ao ministério.
Doutel acompanhou de perto os acontecimentos que culminaram no suicídio de Getúlio Vargas e, no dia seguinte, concedeu uma entrevista afirmando que ele e João Goulart foram os primeiros políticos a lerem a “Carta-Testamento”. Juntamente com as principais lideranças do PTB, seguiu para São Borja a fim de acompanhar o sepultamento. Em 1954, tornou-se secretário-geral do PTB, e foi um dos responsáveis por expandir seu alcance para além dos sindicatos urbanos. Em 1958, integrou a comissão encarregada de reestruturar o programa do PTB, que criou o plano socioeconômico conhecido como Reformas de Base. Nesse mesmo ano, foi eleito deputado federal por Santa Catarina, e em 1960 foi eleito vice-governador do estado. Pouco depois, João Goulart tornou-se presidente da República, sendo Doutel um dos maiores apoiadores de seu governo, assim como do programa das Reformas de Base. Em 1962, assumiu o cargo de vice-líder do PTB e da maioria parlamentar que sustentava o governo Goulart. No mesmo ano, foi eleito novamente deputado federal por Santa Catarina.
No dia 13 de março de 1964, no famoso comício da Central do Brasil, Doutel estava no palanque com Jango, assim como Brizola e Miguel Arraes. No dia 30 de março, quando Jango foi à reunião com os sargentos – evento culminante para o golpe civil-militar que seria dado no dia seguinte –, Doutel o aconselhara a não comparecer. Com golpe, João Goulart partiu para o exílio, tendo deixado um bilhete para Doutel justificando sua atitude.
No período entre abril de 1964 e novembro de 1966, Doutel desempenhou um papel crucial. Além de ascender à liderança do PTB – que perdera seus principais quadros dirigentes, cassados e no exílio –, atuou como porta voz de João Goulart e enfrentou fortes pressões na luta pela defesa dos direitos humanos e do restabelecimento da democracia. Quando o governo começou a investigar Jango, acusando-o de enriquecimento ilícito e irregularidades administrativas, coube a Doutel fazer a sua defesa. Para tanto, viajou clandestinamente ao Uruguai, onde se encontrou com o antigo presidente e dele recebeu documentos que provavam que as denúncias eram falsas. Os militares passaram então a vigiar as viagens de Doutel. No dia 24 de agosto de 1964, dez anos após a morte de Vargas, Doutel subiu na Tribuna da Câmara e leu um discurso de Jango, no qual este justificava sua não resistência – assim como em 1961, preferira o sacrifício particular à guerra civil – e acusava o governo Castelo Branco de golpista, pró-EUA e contrário às Reformas de Base. Doutel recebeu então diversas ameaças de cassação.
Em 1965, com a extinção dos partidos, o PTB foi dissolvido. Com a criação do bipartidarismo, Doutel filiou-se ao MDB, atuando na sua organização e definição ideológica, tendo sido seu primeiro líder. Em 1966, Doutel foi cassado por ter sido um dos principais articuladores da Frente Ampla. No mesmo ano, foi indiciado por um IPM (Inquéritos Policiais Militares, criados para apurar denúncias de subversão e corrupção) e preso.
Impossibilitado de participar da política formal, Doutel indicou sua esposa, Lígia Doutel de Andrade, como candidata a deputada federal por Santa Catarina nas eleições daquele ano. Lígia fez rápida e intensa campanha, tendo sido acompanhada o tempo todo por agente do DOPS. Eleita, teve atuação marcante. Porém em 1968, também ela foi cassada, através do AI n° 5. Doutel então montou um escritório imobiliário no Rio de Janeiro, além de ter sido diretor da OEST Engenharia Ltda.
Em 1976, João Goulart faleceu e Doutel viajou à Argentina a fim de trazer seus restos mortais. Em 1978, retomou os contatos com Brizola e emitiu uma declaração de oposição ao Presidente Geisel. Em 1979, viajou à Lisboa, onde ocorreu o Encontro dos Trabalhistas Brasileiros. No mesmo ano, com a anistia, retomou seus direitos políticos e participou da reorganização do PTB. Como não foi possível manter a sigla (de posse de Ivete Vargas), foi fundado o PDT (Partido Democrático Trabalhista). Em 1983, Doutel tornou-se presidente nacional do PDT. Defendeu ativamente a campanha das Diretas Já e, com a não aprovação da emenda Dante de Oliveira, apoiou a escolha de Tancredo Neves pelo colégio eleitoral. Em 1989, tornou-se novamente deputado federal e foi escolhido vice-presidente nacional do PDT. Faleceu no Rio de Janeiro em 1991.

Nome do produtor

(28/09/1934)

Biografia

Lígia Doutel de Andrade nasceu em 28 de setembro de 1934, em Florianópolis, Santa Catarina, filha de Ana Elisa Ribeiro Moellmann e José da Costa Moellmann. Bacharel em História pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro, casou-se em 1964 com Armindo Marcílio Doutel de Andrade, que seria seu grande parceiro na vida e nas batalhas políticas.
Com a cassação de Armindo em 1966, que o impediu de participar da política formal, ele indicou Lígia para concorrer como deputada federal por Santa Catarina nas eleições daquele ano, pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Eleita com 43.495 votos, tornando-se a mais votada de seu partido, tomou posse em 2 de fevereiro de 1967, compondo a 43ª Legislatura (1967-1970).
Durante seu tempo no Congresso Nacional, integrou a Comissão Mista do PL 2/68, que modificava o artigo 165 do DL 200/67, no ano de 1968. Contudo, em 1969, teve seu mandato cassado e seus direitos políticos suspensos por dez anos, com base no artigo 4º do Ato Institucional nº 5, de 13 de dezembro de 1968, conforme o Decreto de 30 de setembro de 1969, publicado no Diário Oficial em 1º de outubro de 1969.
Mesmo sem mandato, continuou sua militância política na década de 1970 e participou ativamente do Movimento Feminino pela Anistia, que alcançou seu objetivo em agosto de 1979, com a promulgação da Lei da Anistia Política.
Em 1980, foi uma das fundadoras do Partido Democrático Trabalhista (PDT) e, em 1981, do Movimento de Mulheres do PDT. Representou seu partido na Internacional Socialista de Mulheres, em 1988, e exerceu o cargo de Vice-Presidente para a região Brasil-Paraguai por dois anos consecutivos.
No Rio de Janeiro, presidiu o Conselho Estadual dos Direitos da Mulher (CEDIM) entre 1991 e 1994, durante o governo de Leonel Brizola, e também no governo de Anthony Garotinho (1999-2002).
Em 2012, a Câmara dos Deputados realizou uma sessão solene para devolver simbolicamente os mandatos aos 173 parlamentares cassados pela ditadura militar, incluindo Lígia e seu marido Armindo Doutel de Andrade.

História do arquivo

Fonte imediata de aquisição ou transferência

O acervo foi doado por Lígia Moelmann Doutel de Andrade, viúva do titular, ao Museu da República em dois momentos: 30/07/2008 e 19/06/2013.

Área de conteúdo e estrutura

Âmbito e conteúdo

No acervo há alguns documentos pessoais do titular e documentação que registra sua atuação política – assim como a atuação de outros políticos do PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) e do PDT (Partido Democrático Trabalhista). Entre os assuntos abordados, estão: economia brasileira, Encontro de Lisboa, centenário de Getúlio Vargas, João Goulart, reunião de bancários, Instituto Alberto Pasqualini, anistia, movimento trabalhista, além de produção intelectual do titular. Também há um grande conjunto de recortes de jornais e revistas, incluindo um conjunto de jornais Lux. Há ainda notícias sobre seu falecimento, correspondências de pêsames para sua viúva e homenagens póstumas recebidas,.

Avaliação, seleção e eliminação

Ingressos adicionais

Sistema de arranjo

Série Documentos Pessoais
Série Correspondência
Série Vida Pública
Série Recortes de Jornais e Revistas
Série João Goulart
Série Partido Trabalhista Brasileiro
Série Produção Intelectual
Série Partido Democrático Brasileiro

Área de condições de acesso e uso

Condições de acesso

Condiçoes de reprodução

Idioma do material

Sistema de escrita do material

Notas ao idioma e script

Características físicas e requisitos técnicos

Instrumentos de descrição

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